Dia Mundial do Meio Ambiente?

arvores

Deveríamos comemorar hoje, 5 de junho de 2013, o Dia Mundial do Meio Ambiente. Ao menos foi o que propôs a Assembleia Geral das Nações Unidas realizada em 1972 durante a Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano.

Talvez, apenas agora, quatro décadas após a Conferência de Estocolmo e duas após a Rio 92, estejamos nos dando conta de que fomos ludibriados feito crianças satisfeitas aos receberem guloseimas baratas. Será que não esquecemos a outra metade desta importante equação? Comemorar a metade de alguma coisa não lhe soa um tanto estranho? Por que estamos preocupados apenas com o “meio” ambiente, enquanto precisamos de um ambiente “inteiro” e totalmente preservado?

Um dos principais objetivos de comemorarmos o Dia Mundial do “Meio” Ambiente , segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), seria “promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem atitudes em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais”.

Se 41 anos não foram suficientes para que esta compreensão fosse alcançada por todos, principalmente pelos gestores públicos que administram cidades, estados e nações, fortemente influenciados pelo capital irresponsável de integrantes da iniciativa privada, então se justifica a questão levantada pela Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), primeira entidade ambientalista do Brasil: “Neste dia 5 de junho de 2013, Comemorar o quê?”.

 

Comemorar o quê?

Por Agapan

– a prisão dos secretários de Meio Ambiente de Porto Alegre e do RS, envolvidos em fraudes nos licenciamentos ambientais investigados pela Polícia Federal na Operação Concutare, com 27 suspeitos indiciados?
– a derrubada das árvores no entorno do Gasômetro, na Anita Garibaldi, na avenida Tronco, na Barão do Amazonas, entre outros locais entregues para a especulação imobiliária, com a desculpa do alargamento de ruas, para dar mais lugar aos carros?
– a privatização da Orla do Guaíba?
– a imprensa corporativa a serviço do capital especulativo?
– a flexibilização da lei das antenas de celulares e sua radiação causadora de câncer?
– a poluição dos rios e arroios, como o Dilúvio?
– a canalização de arroios, como o Cavalhada, e os não investimentos em saneamento básico?
– as podas e seus cortes radicais e criminosos?
– a extração ilegal de areia, feita de forma indiscriminada?
– a liberação do troca-troca com sementes de milho transgênico?
– a flexibilização da lei dos agrotóxicos?
– a simplificação das leis ambientais?
– a reinserção do carvão na matriz energética do país?
– a ampliação das monoculturas de eucaliptos, especialmente sobre o Bioma Pampa?
– a redução da proteção das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais após aprovação do (dis)Código Florestal?
– o IPI Zero dos carros em detrimento do incentivo às ciclovias e do transporte coletivo eficiente?
– o desrespeito às culturas tradicionais, como quilombolas e indígenas?
– a redução das terras indígenas já demarcadas?
– a perda constante da biodiversidade?
– o tráfico de animais e plantas silvestres?
– a construção de barragens e grandes hidrelétricas?
– o marketing verde enganador e mentiroso, incluindo os financiamentos das campanhas eleitorais e da copa do mundo de 2014?
– o incentivo ao consumismo e a obsolescência planejada?

Comemorar o quê?
Infelizmente, são muitos os motivos que nos levam a questionar, e até ironizar, sobre as questões ecológicas, que são banalizadas através de falsas informações transmitidas para a população.
Chegamos a um ponto crucial, no qual não podemos mais aceitar que essas questões sejam tratadas apenas como sendo de MEIO AMBIENTE, mas sim como AMBIENTE inteiro, natural e essencial à vida que é.
A nossa civilização está à beira do colapso, em prol de um modelo de desenvolvimento suicida, em que somos vítimas das nossas próprias ações.

Neste dia 5 de junho de 2013, comemorar o quê?