Science publica artigo sobre impactos do novo Código Florestal

desmatamentoA Revista Science publicou no dia 25 de abril o artigo Cracking Brazil’s Foreste Code, de autoria dos pesquisadores Ane Alencar, Britaldo Soares Filho, Raoni Rajão, Márcia Macedo, Arnaldo Carneiro, William Costa, Michael Coe e Hermann Rodrigues. Britaldo e Raoni são professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo o estudo, a área desmatada ilegalmente e que deveria ser restaurada caiu de 50 para 21 milhões de hectares, sendo 78% em reservas legais e 22% em áreas de preservação permanente que circundam as regiões de rios.

O artigo pode ser acessado aqui.

“Brasil – país rico é país sem pobreza”?

Hoje faz um ano que o Governo Federal lançou o slogan “Brasil – país rico é país sem pobreza”.

Infelizmente, ele sintetiza o limitado pensamento de uma administração que tem pautado o crescimento do país unicamente sob a ótica econômica. (Leia também O “S” que falta no PAC)

O que diferencia a Era PT do Período Tucano em nível federal, em síntese, é a intenção de incluir os pobres na distribuição das riquezas do país. Certamente, esse é um ponto positivo que deve ser valorizado. É um avanço. Acredito, inclusive, que essa é a principal vantagem do governo do PT em relação ao PSDB. É isso que faz com que o povo, cansado de ser explorado pela elite econômica desde o período do império, mantenha o PT no poder mesmo diante de tantas acusações de corrupção. Diga-se de passagem, que a corrupção, o desvio e o mau uso de recursos públicos não são uma invenção do atual governo (por atual governo entende-se, aqui, o PT e os partidos aliados). Portanto, o PT prova, ao contrário do que a elite econômica propagava, que administradores oriundos das classes populares têm condições de igualar e até superar, em alguns casos,  essa mesma elite econômica na competência administrativa para governar uma nação. No entanto, esse governo popular, mesmo sendo bem intencionado, perde o foco ao tentar visualizar as riquezas do Brasil e expõe o limite da sua capacidade.

Precisamos avançar, e para isso é necessário um olhar mais amplo que enxergue nas riquezas naturais preservadas do país a verdadeira fonte de riqueza. Se os burocratas tucanos compreendiam a necessidade de haver crescimento econômico e os petistas foram capazes de alavancar esse setor, buscando, junto, maior distribuição de renda, agora é chegada a hora de incluir uma nova política no desenvolvimento do país. Não é aceitável a visão turva de que para crescer economicamente pode-se dar continuidade à velha política, que governa uma nação apenas com os olhos fincados no presente e, quanto muito, em um futuro bem próximo. Se a geração que está no poder conheceu um conceito de sustentabilidade, o qual afirma ser necessário garantir a sobrevivência das gerações futuras, precisamos encontrar novos atores sociais que consigam colocar esse conceito em prática. Afinal, sustentabilidade só no discurso é definida pelo conceito, em inglês, Greenwashing.

País rico é pais sem pobreza e com a natureza preservada.

Em outro artigo de opinião que escrevi – O “S” que falta no PAC – reforço o pensamento no qual percebo que o nosso governo planeja o crescimento apenas do ponto de vista econômico e social. Os dois são necessários, sem dúvida, mas não deveriam estar apartados do conceito de sustentabilidade. Em um próximo governo, feito através de uma nova política, pode-se inclusive dar-se continuidade ao PAC. Porém, ampliando-se a compreensão das necessidades atuais e incluindo as futuras gerações. Dessa forma, seria mais completo criar-se um Programa de Aceleração do Crescimento Sustentável.

Heverton Lacerda/Observatório Ambiental

O “S” que falta no PAC

 

 

arteSe pudéssemos, nós povo, participar sempre das elaborações de políticas públicas dos governos que elegemos, talvez fizéssemos eles verem a importância de acrescentar, sempre, a letra “S” nas siglas que identificam programas destinados a nós, povo.

Mas, isso não é o que acontece na realidade. Mesmo em um governo que emergiu do povo, percebemos que as decisões continuam sendo carimbadas em gabinetes blindados para nós, povo, mas escancarados para lobistas e magnatas, nacionais e estrangeiros. O paradigma não mudou: “Minoria economicamente abastada decide, povo obedece e trabalha para tocar a máquina.”

Quer um exemplo disso? Aí vai: Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha sobre o novo Código Florestal Brasileiro, 85 % dos entrevistados prefere “priorizar a proteção das florestas e rios mesmo que, em alguns casos, isso prejudique a produção agropecuária.” No entanto, o que está acontecendo é um atropelo avassalador da bancada ruralista do Congresso Nacional, que tem aporte financeiro de poderosos empresários da agroindústria e da pecuária, para aprovar esse novo Código antiecológico a qualquer custo. E o que mais indigna alguém do povo, como esse humilde jornalista que aqui escreve, é que quase toda a base do governo que participa das comissões que votam os projetos do novo Código, na Câmara e no Senado, está mancomunada com a elite ruralista.

Precisa de exemplo mais devastador do que esse? Um governo eleito pela maioria do povo, não deveria escutar essa mesma maioria? Ou 85% não é maioria? Ou, ainda, “bastam propagandas bonitinhas nas próximas eleições e o povo, bobinho, esquece tudo?”

O “S”

No famoso Plano de Aceleração do Crescimento, representado pela sigla “PAC”, faltou, infelizmente, acrescentar o “S” de SUSTENTÁVEL. Sim, é uma simples letrinha. Mas, que, nesse contexto, poderia contribuir para que o nosso crescimento não afetasse, de forma catastrófica, as gerações futuras. Ou nossos filhos e netos não merecem a oportunidade de receber um mundo preservado, como nós recebemos de nossos antepassados?

Um dos grandes projetos do PAC, aquele programa que não é sustentável, é a construção de usinas hidrelétricas por todo o território brasileiro. A maior delas é a Usina de Belo Monte, que consumirá recursos financeiros na ordem de R$ 7 bilhões e causará grandes impactos ambientais na bacia hidrográfica amazônica, a maior do mundo. No entanto, Belo Monte não é a única usina que vem por aí. Muitas outras estão previstas no PAC 2, ou seja, o tamanho da devastação em nome do “crescimento” é incalculável.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, o Brasil possui 2.516 empreendimentos de geração de energia em operação, gerando 116.248.398 kW de potência. Destes, a energia eólica representa apenas 1,01 % e a biomassa 6,98%.

Cabe ressaltar, também, que no PAC 2 as usinas nucleares são consideradas fontes limpas de energia. Isso não é de se estranhar em um Programa de Aceleração do “Crescimento” que não está interessado com o desenvolvimento pleno, duradouro e, principalmente, Sustentável do nosso povo.

Heverton Lacerda / Observatório Ambiental